Entrevista com especialista sobre o dia dos namorados

Psicóloga e escritora Caroline Costa Vieira fala sobre relacionamentos e a pandemia na semana dos namorados

Nesse ano de 2020, ainda em isolamento social e pandemia, será o primeiro dia dos namorados distantes ou muito “juntos” de muitos casais. Por isso, na semana do Dia dos Namorados, inauguramos a nossa coluna com uma Entrevista com Especialista sobre no dia dos namorados! A entrevista aconteceu online no dia 08/06/2020. Para a primeira entrevista, promovemos um diálogo entre o nosso entrevistador e psicólogo Humberto Miná (também do canal Miná Psicologia e jogos) e a Psicóloga e Escritora Ana Caroline Costa Vieira.

Casal unido no dia dos namorados

SOBRE A ESPECIALISTA

Por ela mesma, a nossa especialista Caroline se apresenta como psicóloga que atende casais, diretora do Instituto Caroline Vieira. Além disso, é palestrante, supervisora clínica, facilitadora de grupos de estudos e coordenadora de uma Formação em Terapia de Casal que, segundo ela, se dedica a formar pessoas interessadas em trabalhar com casais, psicólogos ou não. 

Seu primeiro livro, “Disposição para Amar – Relações Amorosas Mais Saudáveis e Psicoterapeutas de Casais mais Seguros”, foi publicado em janeiro de 2020. E traduz sua missão em falar de relacionamentos mais saudáveis e como podemos construí-los, passo a passo.

O “especialista” deve apresentar não só formação, mas experiência profissional e pessoa na temática abordada. Portanto, decidimos que Caroline era o nome ideal darmos o ponta pé inicial neste projeto, pensado com tanto carinho, para construir pontes com profissionais que têm trajetórias brilhantes. 

Faz um café e vem com a gente que essa entrevista está maravilhosa. Vamos para ela?

ACOMPANHEM UM TRECHO DA ENTREVISTA

Humberto Miná: Acho importante contextualizarmos o momento de pandemia que estamos vivendo e a subsequente retomada de atividades que se anuncia num futuro próximo. O que você tem pensado sobre relacionamentos nesse contexto?

Caroline Vieira: É uma experiência que atravessa a todos nós. Não posso falar apenas como psicóloga, é algo que eu vivencio também como pessoa, como mãe. Tenho dois filhos. Então vivencio o impacto da pandemia a partir da minha própria experiência de casal também. O que eu destacaria é que, no isolamento social não existe fuga com as amigas, um happy hour, não existe isso. O casal está o tempo todo junto. Home office, aulas online dos filhos. Isso muda tudo e o casal também precisa se ajustar a todas essas mudanças.

Humberto Miná: E o que você diria para a gente que pode nos ajudar a pensar nossos próprios relacionamentos a partir desta perspectiva, tanto da dependência nos relacionamentos, quanto a relações que sejam mais saudáveis ou menos?

O LIVRO: “DISPOSIÇÃO PARA AMAR – RELAÇÕES AMOROSAS MAIS SAUDÁVEIS E PSICOTERAPEUTAS DE CASAIS MAIS SEGUROS”

Caroline Vieira: Pensando no meu livro, inicialmente o título seria Educação para Amar, sabe? Por que eu acredito muito nessa questão da Educação para amar. A referência que a gente tem de relacionamento amoroso está muito disfuncional. Nas escolas aprendemos a nos relacionar competindo e não cooperando. Começa daí. Eu compreendo que é assim que me relaciono, que preciso ser melhor do o outro. Esse ponto é crucial quando falamos da dependência afetiva e violência intrafamiliar, por exemplo – que tem a ver com relações abusivas. A competitividade da infância gera uma competitividade na relação amorosa em que não existe cooperação, mas competição.

Compre “A Disposição para Amar – Relações Amorosas Mais Saudáveis e Psicoterapeutas de Casais mais Seguros” no link do site do Instituto Caroline Vieira 

RELACIONAMENTO NOS CONTOS DE FADAS E O PRÍNCIPE ENCANTADO

Caroline: Outro ponto importante a se considerar são os contos de fadas. Na minha geração os contos de fadas eram como os da Branca de Neve, esses contos que trazem o homem como “macho alfa” para poder retirar essas princesas de uma situação de submissão. Elas não conseguem fazer isso sozinhas, precisam desse homem, que tem a função de controle e dominação. É uma reflexão histórica, né. Os contos trazem isso para nós e aprendemos isso na infância.

Caroline: Quantas pessoas recebo no consultório com expectativas do homem como príncipe encantado e a mulher como perfeita. A mulher, sente que precisa do homem para não ser a solteirona, por exemplo. As que não encontram seus “príncipes encantados” são mulheres mal vistas, mesmo com todas as revoluções e evoluções que vivenciamos ao curso da história, como a pílula anticoncepcional, revolucionando a sexualidade, a revolução industrial e os impactos no mercado de trabalho com a progressiva inserção da mulher nesses contextos.

Assista: Entrevista com especialista em casais sobre o dia dos namorados

A IMPORTÂNCIA DA DIVISÃO DE PAPÉIS PARA OS CASAIS NA PANDEMIA

Caroline: Entretanto, temos que ter cuidado. É preciso cautela para não partir rapidamente para outro extremo. Veja, o homem como provedor, por exemplo, é meramente um pilar que sustenta a família. O cuidado com os filhos, por outro lado, é outro pilar igualmente válido. E esses são apenas dois exemplos possíveis. Não podemos dicotomizar. A grande questão é o casal definir quais são as regras que eles querem que funcionem e como será a família que desejam construir juntos. A forma como definem isso é de cada casal e isso exige uma comunicação e um diálogo muito grandes.

Caroline: Na pandemia como essas tarefas precisam ser reajustadas, os casais que não dialogam entram numa crise e vivenciam um estresse muito grandes, por que não conseguem se atualizar nesse cenário. Vejo muitos casais se separando, no meio da pandemia.

Caroline: Por outro lado, viver essa crise pode, também, ser um ponto positivo, porque olhamos para o nosso “Ser Casal”, apesar de ser muito difícil. Para o casal que consegue mergulhar nessa tarefa, é um momento de crescimento muito grande.

Humberto Miná: Eu que sou da área da saúde mental, penso na definição de crise, que abre um espaço para pensarmos sobre inúmeros símbolos, causando uma revolução no sujeito que é dolorosa e não há como fugir disto. Mas, o que é humano senão essa possibilidade de transformar aquilo que pode ser devastador e aterrador em algo novo, que existe enquanto possibilidade para a gente? É importante falar sobre como as amarras, jeitos de viver, estão “tatuados por dentro da nossa pele” num nível que temos muitas dificuldades em acessar, mesmo com terapia e encontros transformadores. Precisamos olhar para os relacionamentos como construções, mas isso não nos diminui em nossas relações. Precisamos fazer novos acordos, novos combinados.

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DA CONSCIÊNCIA E A EDUCAÇÃO PARA AMAR

Caroline Vieira: A grande sacada é ter consciência das suas escolhas, por que quando a gente vai no automático a gente vai replicando as coisas, as verdades introjetadas sem digerir. Vai engolindo, vai seguindo. Às vezes a gente quebra, procura um parceiro e uma parceira que quebra as referências de casal que tínhamos na nossa família, mas mantemos antigos comportamentos que trazem crise para o modo de funcionar do Casal. A nossa forma de relacionar fica adoecida, em grande parte, por que não paramos para pensar nessas quebras de padrões relacionais. Aqui eu faço um convite, onde nas redes sociais eu costumo usar a hashtag #embuscaderelaçõesmaissaudáveis como proposta para um chamado para repensar nossos relacionamentos.

Caroline: Dito isso, lembra que eu falei do título do livro no começo? Porque, então, Disposição para Amar e não Educação para Amar? Precisamos ter disponibilidade para amar, para estar ao lado do outro, para querer conhecer o outro. Uma disponibilidade para refletir e modificar algumas coisas no comportamento. O livro é um bate papo mesmo, é uma escrita leve. Eu nunca gostei daqueles livros que a gente precisa ler vinte vezes para entender. Faço referência a vários autores que li durante minha trajetória. A gente conversa sobre relacionamentos abusivos, dependência afetiva, sobre como os traumas da infância acabam gerando formas de comportamento disfuncionais dentro do relacionamento amoroso. Trago também exercícios que terapeutas podem aplicar, mas casais também podem fazê-lo, se o casal está disponível para se trabalhar.

DIÁLOGO COMO CAMINHO PARA A SOLUÇÃO DAS DIFICULDADES

Humberto Miná: Poderia dizer em poucas palavras o que você, com toda a sua trajetória como psicóloga de casais, diria para quem está tendo dificuldades em seus relacionamentos nesse momento?

Caroline Vieira: Se eu puder dar uma sugestão sobre como se relacionar de forma mais saudável, eu colocaria essa questão do orgulho e da humildade. Tem a ver com não se colocar com competitividade diante do outro que é significativo para você e da relação que construíram. Tenha humildade de falar que errou, de querer ouvir o outro, de estar disponível. Eu sugiro o diálogo. Parece super simples, mas quando lidamos com orgulho, desejo de perfeição, expectativas, é através do diálogo que vamos nos ajustando diante das mudanças que sempre acontecem durante vida.

Diálogo.

Não tem outro jeito.

Repensar (Conclusão)

Repensar as nossas relações, ainda mais no contextual atual de pandemia, parece ser um exercício de humildade, como salienta a psicóloga Caroline Vieira. Portante, precisamos sempre buscar compreender o outro e repensar as nossas atitudes. Por isso, produzimos conteúdos que possam lhe dar ferramentas para transpor essas dificuldades. 

Não esqueça de lavar as mãos e procure ajuda caso necessite! 

Para a entrevista em vídeo acesse o nosso canal!

Livro “A Disposição para Amar – Relações Amorosas Mais Saudáveis e Psicoterapeutas de Casais mais Seguros” e muito mais sobre Caroline Vieira: https://psicologacarolinevieira.com/livro-disposicao-para-amar/

@instcarolinevieira no Instagram

Para conhecer mais sobre o trabalho do Humberto Miná acessa o canal Miná Psicologia e Jogos.

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