Seres humanos não são tóxicos, são apenas porcos espinhos

“Todo o mundo é tóxico. Menos você, alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado, não é?”

Por Dácio Carvalho | @daciocarvalhopsicologo

 

 

Paulo Silva

    No nosso cotidiano, não é raro vermos pessoas atribuindo status de “Tóxicas” a pessoas que lhe venham a causar algum desagrado, desafeto ou simplesmente que não tenham afinidade.

    “Todo o mundo é tóxico. Menos você, alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado, não é?”

Mas, então… Por que tal costume rotineiro nos chama a atenção? A formação de um psicólogo, psicoterapeuta, passa por um uma bagagem de conhecimento científico, de teorias filosóficas, uma abordagem clínica com seu conjunto sistematizado de influências teóricas e conjunto de técnicas, seu próprio processo clínico e supervisões. Destarte, ao percorrer este eterno percurso, ele não se torna apenas alguém capacitado a ser um bom psicoterapeuta. Mas também um olhar atento às relações do homem em sociedade. Então, por que não sair do ramo da exclusividade da escrita acadêmica e teórica e adentrar sobre estas questões informais numa escrita que se assemelhe a uma prosa?

Para refletir sobre a questão do “tóxico” no cotidiano traremos a parábola dos porcos espinhos trazida pelo filósofo Arthur Schopenhauer. Para além do sentido originalmente empregado, a parábola já ganhou outros sentidos e interpretações. Permitindo-me assim colocar outros sentidos e percepções que talvez distem da ideia inicial, assumindo-as como minhas evitando por palavras na boca do filósofo.

A parábola relata uma cena onde porcos espinhos estão em um inverno rigoroso. Por conseguinte, acabam se encontrando em uma delicada situação. Pois, caso fiquem afastados um dos outros sentirão o forte frio do inverno. Todavia, ao se aproximarem um dos outros acabam se espetando em seus próprios espinhos. Destarte, próximos ou distantes um dos outros sentirão diferentes desconfortos.
Ilustrar que as pessoas são com porcos espinhos

As pessoas são como porcos-espinhos, quando muito próximas, podem ferir uns aos outros. A parábola relata uma cena onde porcos espinhos estão em um inverno rigoroso. Por conseguinte, acabam se encontrando em uma delicada situação. Pois, caso fiquem afastados um dos outros sentirão o forte frio do inverno. Todavia, ao se aproximarem um dos outros acabam se espetando em seus próprios espinhos. Destarte, próximos ou distantes um dos outros sentirão diferentes desconfortos.

 

    Vê-se que a narrativa da parábola expõe uma eterna tensão no convívio humano. Ao passo que nos aproximamos em função de uma gama de necessidades do convívio humano como afeto, interesses em comum, sexo, livrar-se do tédio, dentre outras, precisamos também nos distanciar pelos conflitos, rivalidades e os consequentes desgastes nas engrenagens das relações humanas.

    Dentro da Gestalt-terapia, assim como em outras abordagens de modo geral, evitamos preconcepções do que seria uma pessoa boa/má, positiva/negativa para acolhermos a pessoas de modo íntegro e despidos de prejulgamentos.

    Tal lição, ensina a olhar para as relações humanas de modo mais realista e complexo. Não se trata de um simples conflito entre pessoas “positivas” ou “negativas” onde apenas apartar-se das pessoas tóxicas bastaria para ter paz e equilíbrio. Mas sim, um eterno conflito onde todos nós, em determinada medida, teríamos nossos espinhos em meio a necessidade de relações e proximidade.

Dácio Carvalho: Psicólogo (CRP: 11/10520) e professor da Formação Plena em Gestalt-terapia do Instituto Sherpa. Para dúvidas, sugestões ou comentários você pode enviar um e-mail para daciocarvalhopsicologo@gmail.com ou direct no meu instagram @daciocarvalhopsicologo.

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